terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Eastern Promises





Uma garganta cortada por uma criança nervosa, ansiosa por provar que é um homem… Uma criança grávida a esvair-se em sangue… Uma parteira a recuperar do trauma de perder uma criança… E assim as linhas vão-se cruzar, tendo a máfia russa como fundo.
Viggo Mortensen num grande papel. O seu desempenho é espectacular, acompanhado por uma doce Naomi Watts. Devo admitir que não gostei dela neste registo, talvez guarde ainda a memória do Mulholland Drive. Acho que neste filme, a sua personagem está mal aproveitada, é demasiado cândida e benevolente. A sua compleição loira e frágil associada a este papel torna-a quase uma encarnação do bem que ronda o filme. Viggo Mortensen faz-nos balançar entre o bem e o mal, a dualidade do ser… E a meio do filme já adivinhamos para que lado pende ele. A cena da prostituta revela que alguém a protegeu… Vincent Cassel é um pateta alegre que tenta estar à altura das expectativas do pai, mas que falha e que se perde no álcool. Tenta ser duro, autoritário, o futuro Pai da organização… Por fim, revela que nunca poderá estar à altura do pai, falta-lhe a coragem de matar a própria irmã.
Violência gratuita? Não, este filme exigia cenas explícitas e violentas para desenvolver a história. O final foi um pouco abrupto, desejava talvez mais meia hora de filme, apesar de eu não ser grande adepta de filmes com 3 horas.
Vale a pena ver. Tem qualidade, tem história e tem grandes interpretações.

2 comentários:

Luis disse...

Uma dupla que já mostrou em 'History of Violence' que conseguem trabalhar juntos e obter bons resultados. Ainda não vi, mas promete :-)
Também me faz lembrar que ainda não vi 'A Mosca'...

Anónimo disse...

Cronenberg sempre foi um dos meus realizadores de referência, e pessoalmente gostei ainda mais deste filme do que de 'History of Violence'. Acho mesmo que 'Eastern Promises' é um dos melhores filmes de Cronenberg até à data. A colaboração entre o realizador e
Viggo Mortensen conseguiu ter ainda melhores resultados. Em definitivo, o realizador encontrou a 'cara' perfeita para dar vida às suas reflexões acerca da violência e da natureza humana. E dos submundos das histórias pessoais das personagens, cujas vidas nunca são - ou nunca foram - o que parecem. Cinco estrelas.